Mammalian carnivores are often vulnerable to the conversion of natural habitat. Although some species might be frequent in anthropogenic areas, it is not entirely clear how they use modified landscapes, particularly in tropical agroecosystems. Here, we investigated how Puma (Puma concolor) and Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus) used three disturbed areas in southeastern Brazil. We sampled 205 camera stations and estimated species occupancy (Ψ) and detection probabilities (p), interpreted as probability of use and frequency of use, respectively. Our models predicted that both species extensively used the study areas (model-averaged probability of use of 0.65 for pumas and 0.50 for maned wolves). Puma frequency of use was higher in stations further from human structures and areas of savanna. Maned Wolf frequency of use was lower in forest-dominated stations and in a more protected and forested study area. Puma probability of use was high in stations closer to watercourses, while Maned Wolf probability of use was higher in unpaved roads and stations farther from human structures. Our findings suggest that pumas and maned wolves may be able to adapt their use of space in agroecosystems featuring riparian corridors and unpaved roads. Nevertheless, our data also reveal possible impacts to carnivore populations in these systems, such as the degradation of riparian environments, road mortality, and human construction avoidance. Thus, some caution is warranted in considering highly modified environments as safe habitats for large carnivores, until further data on the density and vital rates of these species in agricultural-dominated areas have been quantified.
Apesar de serem particularmente vulneráveis à conversão de habitats naturais, mamíferos da ordem Carnivora são frequentemente detectados em áreas antrópicas. Entretanto, ainda não está claro como esses animais utilizam áreas modificadas, especialmente nos agroecossistemas tropicais. Aqui, investigamos como onças pardas (Puma concolor) e lobos-guarás (Chrysocyon brachyurus) usam três áreas modificadas no sudeste do Brasil. Usamos armadilhas fotográficas para amostrar 205 pontos e estimar as probabilidades de ocupação e detecção das espécies – interpretadas como probabilidade de uso (Ψ) e frequência de uso (p), respectivamente. Nossos resultados indicam que ambas as espécies usam extensivamente as áreas de estudo (probabilidade média de uso de 0,65 para a onça e 0,50 para o lobo). A frequência de uso da onça parda é maior em locais distantes de edificações e altamente cobertos por savana. A frequência de uso do lobo-guará é menor em locais dominados por florestas e na área de estudo mais protegida, porém mais florestada. A probabilidade de uso da onça é mais alta próxima aos cursos d'água, enquanto a probabilidade de uso do lobo-guará é maior em estradas não pavimentadas e em locais mais distantes de edificações. No seu conjunto, estas descobertas sugerem que onças pardas e lobos-guarás podem ser capazes de adaptar a sua utilização do espaço em agroecossistemas com corredores ripários e atravessados por estradas não pavimentadas. No entanto, os nossos dados também revelam possíveis impactos para as populações de carnívoros nesses sistemas, tais como a degradação dos ambientes ripários, atropelamentos e mudanças comportamentais para evitar a proximidade com construções humanas. Dessa forma, devemos ser cautelosos ao considerar os ambientes altamente modificados como habitats seguros para os grandes carnívoros, pelo menos até que sejam disponibilizados mais dados sobre a densidade, reprodução e sobrevivência das espécies dentro das áreas dominadas pela agricultura.