The morphological plasticity of the Sus scrofa wild–domestic species complex is evident in both free-ranging morphotypes and domestic breeds. The Brazilian Pantanal feral hog (“porco-monteiro”) evolved after a long-term feralization process and represents a significant proportion of the mammalian biomass in the region. Its coexistence with native fauna brings several ecological impacts, which are mitigated by the Brazilian Pantanal wetland vastness and resource availability. They are a local subsistence game resource but also impact crops and pastures. Around the 2000s to mid-2010s, numerous European wild boar were introduced in Brazil to fulfill a demand for gourmet meat. Wild boar was also introduced to the Brazilian Pantanal as a game species and to breed with porco-monteiro feral hogs in a commercial venture to produce an even more exotic meat. The craze for wild boar meat has since dwindled, but their populations remain widespread and uncontrolled. Moreover, the full impact of the wild boar introduction on feral hog populations is still unknown. This study analyzes the skulls of porco-monteiro feral hogs from the 1990s, 2000s, and 2010s to assess possible morphological and functional variations along with skulls of wild boar and hybrids from Argentina, Uruguay, and Southern Brazil. The results indicate a trend of broadening of feral hog skulls at the coronal plane and a progressive reduction of the semispinalis capitis muscle scars over the decades. Biomechanical analysis denoted a decrease in head-elevation force that could affect the rooting performance of the latest feral hog morphotypes. Taken together, results show that wild boars likely influenced the evolution of the Pantanal feral hog skull. The magnitude of ecomorphological implications of these morphofunctional changes is unknown, as well as its effects in the Brazilian Pantanal wetland ecology.
A plasticidade morfológica da espécie Sus scrofa fica evidente na complexidade dos morfotipos de vida livre e das raças domésticas. O porco feral do Pantanal brasileiro (porco-monteiro) evoluiu após um processo de feralização de longo prazo e tem peso significativo na biomassa regional de mamíferos. Sua convivência com a fauna nativa traz diversos impactos ecológicos, que são mitigados pela vastidão do Pantanal brasileiro e pela disponibilidade de recursos. Eles são um importante recurso como caça de subsistência, mas também impactam plantações e pastagens. Por volta dos anos 2000 e meados de 2010, o javali europeu foi massivamente introduzido no Brasil para atender uma demanda por carne gourmet. Também foi introduzido no Pantanal brasileiro como espécie cinegética e para procriar com o porco-monteiro em um empreendimento comercial para produzir uma carne ainda mais exótica. A mania pela carne de javali diminuiu, mas diversas populações ficaram dispersas e sem controle. Ainda assim, a extensão total do impacto da introdução de javalis nas populações de porcos selvagens é desconhecida. Este estudo analisou crânios de porcos ferais pantaneiros das décadas de 1990, 2000 e 2010 para avaliar possíveis variações morfológicas e funcionais. Também analisamos crânios de javalis e híbridos da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil. Os resultados indicam uma tendência de alargamento no plano coronal do crânio dos porcos ferais, mas uma redução progressiva das cicatrizes do músculo semispinalis capitis ao longo das décadas. A análise biomecânica indicou uma diminuição na força de elevação da cabeça que poderia afetar a eficiência no hábito de fuçar o solo nos morfotipos mais recentes de porcos-monteiros. O conjunto dos resultados demonstra que os javalis provavelmente influenciaram a evolução do crânio do porco-monteiro. A magnitude das implicações ecomorfológicas dessas mudanças morfofuncionais é desconhecida, assim como seus efeitos na ecologia do Pantanal brasileiro.